PNAIC 2014

quarta-feira, 25 de março de 2015

Alfabetizar com AMOR: NÚMEROS NATURAIS - SEQUÊNCIAS E CONJUNTOS / 2º ANO...

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Alfabetizar com AMOR: O PASSEIO DA GOTINHA! INTERDISCIPLINAR/ CICLO DA ...

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Como entender: os DIS? Dislexia, Disortografia, Disgrafia, DiscalculiaA identificação precoce de um possível ou suposto quadro de incapacidade ou problema de aprendizagem no ambiente escolar sensibiliza os educadores para o exercício de um novo olhar: “olhar” mais cuidadoso, criterioso, investigativo e com mais participação na vida escolar dessa criança.

A identificação precoce de um possível ou suposto quadro de incapacidade ou problema de aprendizagem no ambiente escolar sensibiliza os educadores para o exercício de um novo olhar: “olhar” mais cuidadoso, criterioso, investigativo e com mais participação na vida escolar dessa criança.
O diagnóstico que envolve a exclusão de outras condições e dificuldade por parte da criança, deve voltar-se para uma serie de sinais e sintomas muito peculiares, que podem sugerir a suspeita e levar a procura de profissionais especializados para tal diagnóstico.
Para cada hipótese, temos um entendimento neurológico e evolutivo de cada expressão e seu respetivo significado:
1 Dislexia

Dislexia é a incapacidade de processar o conceito de codificar e decodificar a unidade sonora em unidades gráficas (forma de grafemas) com capacidade cognitiva preservada (nível de inteligência normal).
Os disléxicos têm capacidade para aprender todas as funções sociais e até altas habilidades, desde que, bem diagnosticado, seja trabalhado nas áreas corticais favoráveis e com estratégias e intervenções adequadas.
Essas intervenções devem valorizar as funções viso-motoras da criança, imagens com significado e significante associados a ritmo e memória visual auxiliando sua memória auditiva, para que desenvolva a capacidade por outras rotas (sabendo-se que sua rota fonológica é prejudicada).
2 Disortografia

Definimos como disortografia, os erros na transformação do som no símbolo gráfico que lhe corresponde.
Nem sempre a disortografia faz parte da dislexia e pode surgir nos transtornos ligados á má alfabetização, na dificuldade de atenção sustentada aos sons, na memória auditiva de curto prazo (Deficit de Atenção) e também nas dificuldades visuais que podem interferir na escrita.
3 Disgrafia

Não se pode confundir ou comparar a disgrafia com disortografia, pois a disgrafia tem características próprias.
A criança com disgrafia apresenta uma escrita ilegível decorrente de dificuldades no ato motor de escrever, alterações na coordenação motora fina, ritmo, e velocidade do movimento, sugerindo um transtorno práxico motor (psicomotricidade fina e visual alteradas).
4 Discalculia

discalculia do desenvolvimento é uma dificuldade em aprender matemática, com falhas para adquirir a adequada proficiência neste domínio cognitivo, a despeito de inteligência normal, oportunidade escolar, estabilidade emocional e motivação.
Não é causada por nenhuma deficiência mental, deficits auditivos e nem pela má escolarização.
As crianças que apresentam esse tipo de dificuldade realmente não conseguem entender o que é pedido nos problemas propostos pelo educador (professor/pais).
Não conseguem descobrir a operação pedida no problema: somar, subtrair, multiplicar ou dividir. Além disso, é muito difícil para a criança entender as relações de quantidade, ordem, espaço, distância e tamanho.
Aproximadamente de 3 a 6% das crianças em idade escolar tem discalculia do desenvolvimento (dados da Academia Americana de Psiquiatria).
De um modo geral, o prognóstico das crianças com discalculia é melhor do que as crianças com dislexia, ou pelo menos, elas tem sucesso em outras atividades que não dependam desta área de cálculo numérico.

Artigo original: Profª Telma Pântano - Adaptação: Profª Lana Bianchi e Profª Vera Mietto
www.ceitec.com.br, 01.08.2013
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COMO ORGANIZAR O AMBIENTE ESCOLAR

escola-sala-de-aula-com-professora  Alguns conceitos não podem estar ausentes de um espaço em que  crianças são educadas. Em regiões ricas ou carentes, em centros urbanos  competitivos ou meios rurais distantes, em creches ou escolas públicas ou  em entidades particulares não existira uma educação plena se ocorrer  descaso ou descuido em relação à “higiene”, “decoração”, “natureza”,  “estímulos” e “alegria”. Em relação à questão de higiene pouco se pode  divergir e em hipótese absolutamente nenhuma crianças podem crescer  em meio à sujeira, lixo, moscas, paredes descascadas ou recursos e  equipamentos quebradas. Da mesma forma com não se pode conceber uma  sala cirúrgica sem condições essenciais de esterilização e higiene  ilimitada, o mesmo se requer no ambiente escolar, sobretudo para crianças. A pobreza e limitação material podem ser compreendidas e aceitas, afinal nem todos os centros de educação podem primar por tudo quanto é importante, mas a ausência de higiene é inconcebível com as condições de saúde e com a aptidão para a aprendizagem. Se essa exigência é essencial nas salas de aula, nos corredores e nos pátios ainda o é mais premente e indiscutível nos banheiros. Creches ou centros de educação infantil onde as condições de higiene não tem a nota máxima não podem almejar notas boas em outros quesitos. A condição de higiene ilimitada é quase tudo e sem ela é impossível pensar no resto.

A decoração de um ambiente, longe de representar qualidade apenas estética, é fator essencial na aprendizagem infantil. Os olhos de uma criança enxergam tudo e tudo percebem e, nesse sentido, as cores alegres, os desenhos ilustrativos e que com necessária brevidade são substituídos, precisam encantar as crianças e esse imprescindível encanto necessita alongar-se para os canteiros, hortas, árvores, quadras e outros cantos. Uma eficiente decoração não se improvisa e a ideia que se faz de “bom gosto” necessita opiniões críticas para que se elabore um projeto de decoração, capaz de despertar a fantasia, permitir viagens pela ilusão, abrir portas para o mundo imaginário de uma criança. É, infelizmente, concebível que muitas dessas crianças vivam em favelas e muitas vezes nem disponham de uma mesa m que possam fazer suas tarefas, mas se isso falta no lar que jamais possa faltar na escola. Os centros de Educação Infantil de qualquer município brasileiro, públicos ou privados, deveriam representar o “cartão de visitas” de qualquer administração e, tal como se vê em restaurantes de qualidade, a informação “visite nossas escolas” deveria honrar qualquer administração, ilimitadamente todos os munícipes. Por esse motivo tenha na escola óculos engraçados, nariz de palhaço, uma cabeleira, chapéus de carnaval e quando descobrir as crianças com tédio ou tristeza, convide-o para mudar sua aparência e olhar no espelho, não tenha vergonha de provoca-lo para juntos tornarem-se exóticos. Assumir o nosso lado palhaço de vez em quando nos faz ser mais autêntico. Invente um truque, treine caretas, mexa os ombros… É bom para a criança e bom também para o adulto. Não se esqueça de alguns CDs de músicas infantis e histórias e lendas. Veja se descobre músicas capazes de mexer com as crianças e use para levantar seu astral. Não as use toda hora para impedir o desgaste da rotina, mas reserve-a para momentos especiais, para um fim de semana ou quando pressentir que as nuvens do tédio parecem quer pairar sobre o ambiente. Guarde sempre uma “caixa de bobagens” ou “de fantasias” onde jamais faltam brinquedinhos como apitos, línguas de sogra, chapéus diferentes, bigodes, chifres, brinquedos esquecidos, perucas, bonecos engraçados que adquiriu não para oferecer como presente, mas exatamente para fazer parte dessa coleção e saiba inventar comemorações sem qualquer razão. Não creia que só se comemora quando existem motivos, é sempre interessante inventar uma comemoração e depois… Discutir possíveis motivos. Se não achar motivo algum se lembre de que viver e estar junto às crianças será um sempre um motivo excelente. Quando tiver um pouquinho mais de tempo faça um jornal da classe. Convite às crianças e transforme-as em repórter. Tenha revistas velhas em mãos corte e recorte fazendo de personagens da revista os personagens da escola. Guarde sempre essas edições de notícias malucas e, do primeiro para os números seguintes, vá descobrindo sessões novas. Quanto mais gozações, piadas, brincadeiras, manchetes que parecem feitas para a ocasião melhor será o jornal.

ed-inf-31Não se concebe espaços para a Educação Infantil confinado por paredes. Escola não é presídio e, nesse sentido, deve abrigar mesmo que de maneira limitada espaços organizados para flores, plantas, árvores frutíferas e passarinhos. Que não se pense que esta exigência não condiz com a limitação do espaço físico. O lugar da natureza, o nicho ecológico da escola infantil necessita ser diversificado o que não implica que seja amplo, oferecer a biodiversidade significativa, mesmo que restrita. É concebível que crianças de cidades do interior não tenham, senão através de gravuras e da televisão, oportunidade de observar girafas, elefantes e rinocerontes, mas é um absurdo que não aprendam a olhar as formigas, o cupim, as abelhas, os passarinhos. Se a educação infantil privar a criança dessa oportunidade, não será por certo a educação infantil que todo ser humano merece. Uma educação de qualidade estimula a criança a descobrir as folhas e as flores, treinar o tato (com olhos vendados), o olfato e a diferenciação. Não existe modelo melhor que a natureza para que a criança aprenda a desenhar, fantasiar, inventar. O ambiente deve favorecer as interações das crianças desde bebês, fortalecer relações que estabelecem entre si, envolvendo-as em atividades plenas de significação realizadas individualmente e com outras crianças.

O mais importante meio capaz de disparar o gatilho da inteligência infantil são os desafios que, atuando como estímulos neurais, despertam a curiosidade, ampliam os níveis de fantasias e estimulam diferentes padrões de inteligências comuns a qualquer criança. Assim, é importante que o espaço para a educação infantil possa abrigar um “espaço especial”, em uma sala ou lugar coberto do galpão onde se encontravam alguns “cantinhos” ocupados por materiais ricos e envolventes voltados para a exploração e estimulação de um leque alternativo de inteligências. As crianças dispõem assim de jogos de caça ao tesouro para desenvolver a capacidade de fazerem inferências lógicas, atividades de montagem envolvendo objetos mecânicos simples para explorar a habilidade motora fina, jogos com histórias apresentando paisagens ambíguas e objetos imaginativos e muitos outros. Desta maneira, é interessante que exista:

  • Um cantinho naturalista. Com vasos e flores e hortaliças diversas, diferentes espécies de insetos e pequenos animais.
  • Um cantinho para se inventar e contar histórias. Com livros de gravuras, cartões plastificados com ilustrações diversas, lápis de cor, gravador e Computador com programas e desenhos animados.
  • Um cantinho de Construções. Onde se encontrava blocos para montar, caixas de tamanhos diversos, folha para desenhos e esquemas de construções para se completar.
  • Cantinho Sonoro ou Musical. Instrumentos musicais pequenos, teclados, tambores, flautas e inúmeros outros.
  • Outros. Nesse caso, acolhendo opiniões dos educadores, pais e das crianças que eram estimuladas a propor sugestões.

Nas primeiras oportunidades em que as crianças são levadas a esse espaço a finalidade era para observar, já sendo o mesmo ocupado por crianças mais velhas explorando os recursos, incorporando outros e solucionando Problemas. Após essa fase de observação poderiam participar integralmente das atividades propostas.

Finalizando, é essencial que a concepção de que o ambiente escolar seja “alegre” e que a criança possa deslumbrar-se com alternativas de ações diferentes, mas, sobretudo com profissionais vocacionados para o entusiasmo de propor, sugerir, inventar, criar e, plenamente, envolver. Ainda que, infelizmente não seja muito comum, os ambientes em que a educação infantil se desenvolverá precisa ser pleno de ação e de alegria, jamais esquecendo que este último atributo é essencialmente humano. “Não existe parede “alegre”, piso e forro “alegre”, mas ambientes que ocupados por educadores e profissionais da alegria façam esse sentimento fluir a cada instante, alternar-se a cada hora”.

Toda pessoa adulta deveria dispor do direito de, pelo menos mentalmente, voltar ao “mundo de sonhos” de sua educação infantil onde as bases essenciais de sua formação estabeleceram-se definitivamente. A Educação Infantil é tudo.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Consciência fonológica: relação com a aprendizagem da leitura e da escritaConheça a evolução das capacidades e reações auditivas do seu bebé desde que nasce até aos 4 anos de idade. Por Drª Lúcia Magalhães, Terapeuta da Fala.

Desde o nascimento, o bebé está exposto a uma grande variedade de estímulos sonoros, necessitando de um sistema auditivo e neurológico íntegro para ser capaz de receber, percecionar, discriminar e processar os sons (Sim-Sim, 1998).
  • Inicialmente, o recém-nascido começa por assustar-se perante um som muito forte.
  • Aos 3 meses, responde à voz ou som suave.
  • Dos 3 aos 6 meses, orienta a cabeça para a voz da mãe e em direção a uma fonte sonora.
Progressivamente, a criança desenvolve discriminação auditiva, definida como a capacidade para detetar a presença do som e distingui-lo de outro diferente (Sim-Sim, 1998). 
O bebé começa a reagir preferencialmente a sons da voz humana, a reconhecer e distinguir vozes, particularmente a da mãe, e mais tarde, é capaz de distinguir sons (ex: “ba” ? “pa”).
  • Dos 9 meses aos 13 meses, a criança compreende o significado de sequências de sons em contexto, começando a responder a questões do tipo “Onde está o cão?” ou “Dá a bola”.
  • Por volta dos 36 meses de idade, a criança é capaz de discriminar todos os fonemas da sua língua, iniciando o desenvolvimento da consciência fonológica.
  • Por volta dos 3-4 anos a criança discrimina os sons da respectiva língua materna e apresenta sensibilidade às regras fonológicas da mesma.
O que é e qual a importância da consciência fonológica?
A consciência fonológica refere-se a uma capacidade metalinguística para identificar e manipular os fonemas ou sons que constituem a língua materna.
Representa uma capacidade complexa em que a criança começa a identificar e a refletir que o discurso é constituído por um conjunto de frases, e que estas podem ser segmentadas em palavras, as palavras em sílabas e as sílabas em unidades mínimas, ou seja, os fonemas (Freitas, Alves e Costa, 2007).
Segundo Suehiro (2008 cit in Ferraz, 2011), a consciência fonológica pode ser dividida em três capacidades que operam ao nível da:
  • Rima e da aliteração (repetição da mesma sílaba ou fonema no início da palavra).
  • Sílaba (consciência silábica).
  • Fonema (consciência fonémica).
Em termos de fases de desenvolvimento
  • Dos 3 aos 4 anos, a criança identifica rimas e aliterações.
  • Aos 4 anos, realiza a divisão silábica de palavras com 2/3 sílabas.
  • Por volta dos 5 anos de idade, começa a operar ao nível do fonema, identificando sons em palavras.
  • Aos 6 anos, a criança é capaz de realizar a maioria das atividades, embora persistam algumas lacunas relativas à consciência fonémica que só serão colmatadas aquando da aprendizagem da leitura e da escrita (Ferraz, 2011).
O desenvolvimento da consciência fonológica encontra-se intimamente relacionado com a aprendizagem da leitura e da escrita, pelo que se salienta a importância de promover estas competências até à entrada no 1º ciclo, como forma de prevenir dificuldades futuras no processo de aprendizagem da associação grafema-fonema (leitura) e fonema-grafema (escrita) (Sim-Sim, 1998).
No entanto, nem todas as crianças têm a oportunidade de adquirir e desenvolver estas competências, ocorrendo lacunas significativas que poderão passar despercebidas ao nível do pré-escolar, sendo identificadas tardiamente aquando do ingresso no 1º Ciclo de escolaridade.
É nesta altura que podem emergir as perturbações ao nível da leitura e da escrita que assumem repercussões a variados níveis, nomeadamente no sucesso académico, na motivação pela realização das tarefas escolares e das aprendizagens académicas, na socialização e na aceitação dos pares.
Assim sendo, recomenda-se que pais, cuidadores, educadoras de infância e demais profissionais que acompanham a criança estejam sensíveis para um conjunto de sinais de alerta, a fim de que o encaminhamento e a atuação por parte do terapeuta da fala surjam o mais precocemente possível e, principalmente, antes do ingresso no 1º Ano de escolaridade.
Sinais de alerta
Pré- Escolar:
  • Fala tardia.
  • Linguagem “à bebé” persistente.
  • Palavras mal pronunciadas para além do esperado para a idade.
  • Dificuldade em acompanhar e decorar canções, rimas e lengalengas.
  • História familiar de fala tardia ou alterações ao nível da linguagem e/ou da fala.
1º Ano de escolaridade:
  • Dificuldade em discriminar os sons da língua (ex: quando a criança ouve “faca” e “vaca”, não identifica diferenças).
  • Dificuldade na divisão silábica e fonémica.
  • Dificuldade em associar as letras aos seus sons e vice-versa (ex: a letra F lê-se “éfe”).
  • Dificuldade na leitura de sílabas e palavras, sobretudo palavras novas ou mais complexas.
  • Dificuldade na escrita (erros de escrita).


Referências bibliográficas:
  • Ferraz, I. P. R. (2011). Consciência Fonológica - Uma competência linguística fundamental na transição do Pré-Escolar para o 1º Ciclo do Ensino Básico. Dissertação de Mestrado, Universidade da Madeira, Portugal.
  • Freitas, M. J., Alves, D. & Costa, T. (2007). O conhecimento da língua: desenvolver a consciência linguística. Lisboa: Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular.
  • Sim-Sim, I. (1998). Desenvolvimento da linguagem. Lisboa: Universidade Aberta.

Drª LúciaMagalhães, Terapeuta da Fala - Colaboradora Mãe-Me-Quer
Última revisão: 17 de outubro de 2013

Neurociências e os 4 pilares da educação propostos para o século XXI

“Ontem um menino que brincava me falou que hoje é semente do amanhã…Para não ter medo que este tempo vai passar…Não se desespere não, nem pare de sonhar…Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs…” Gonzaguinha
A criança é a semente do amanhã. Semente que todo dia é ofertada aos cuidados da educação… Quanto tempo levará para ela brotar? Crescer? Tornar-se árvore? Nove anos? Treze anos? Dezoito anos? Vinte e um anos? Menos? Mais? Nada de prazos!  É necessário colocar a educação no coração da sociedade durante toda a vida (Delors, 1999).
Diariamente, temos possibilidades de criar novas conexões neurais, novas aprendizagens, por isso educação é algo que nunca chega ao fim. Ela faz parte do ser humano, está em todos os lugares, nas mais diversas situações. Contudo, como forma de organização social, há um local que elegemos como foco principal de disseminação do saber, a escola. Esta, assim como a sociedade, vem passando por constantes transformações, e como proposta de melhorias, tem investido em ações que visam o desenvolvimento integral do indivíduo.
O ser humano é o centro do processo educacional. Faz-se necessário instrumentalizar os indivíduos para que possam ser protagonistas do seu próprio desenvolvimento; dessa forma, terem atitudes mais assertivas, conforme o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), a inspiração para a educação do Século XXI é o Paradigma do Desenvolvimento Humano.
Por volta de março de 1993 até setembro de 1996 uma comissão de especialistas coordenada por Jacques Delors – professor, economista e político francês – elaborou um relatório elencando quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento.
A palavra aprendizagem é o ponto chave destes pilares, mas ela contempla diversas dimensões nas quais o ser humano pode ser “trabalhado”. Em outras palavras, a aprendizagem se dá de forma contínua e multifacetada, não se limitando somente a aquisição de conhecimentos, mas aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser.
Aprender a conhecer faz menção a busca pelo conhecimento, o que nos faz querer aprender. Aprender a fazer nos fala da prática, das habilidades. Aprender a conviver ressalta o respeito ao próximo, o pluralismo de ideias, a cooperação. Aprender a ser menciona a compreensão de si mesmo, a introspecção.
Quando foi elaborado este relatório para a UNESCO, Delors e demais integrantes desta comissão já mencionavam o avanço cientifico no âmbito mundial, entretanto ainda desconheciam o quanto este avanço poderia contribuir com as questões educacionais.
Os quatro pilares da educação, propostos no século XXI, podem ser relacionados com alguns conhecimentos provindos das neurociências:
  • Aprender a CONHECER – Esse pilar nos arremete a MOTIVAÇÃO, inclui as estratégias utilizadas pelo educador visando despertar o interesse do educando. Causar motivos para que o indivíduo tenha o desejo de conhecer mais sobre o assunto. Também pode ser relacionado a RECOMPENSAS, tais como um simples elogio quando o aluno consegue realizar determinada atividade. Ivan Izquierdo nos diz que “Da mesma forma que sem fome não aprendemos a comer e sem sede não aprendemos a beber água, sem motivação não conseguimos aprender.”;
  • Aprender a FAZER – O educando através da EXPERIÊNCIA e da PRÁTICA vai tornando a aprendizagem mais significativa, pois aprendemos a medida em que experimentamos e fazemos novas associações. Conforme Suzana Herculano-Houzel: “A aprendizagem é um processo e depende fundamentalmente de experiência, o nosso cérebro aprende por tentativa e erro, ele vai se esculpindo a si próprio conforme ele é usado.”;
  • Aprender a CONVIVER -  Nosso cérebro possui neurônios especializados em colocar-nos no lugar do outro, são os NEURÔNIOS-ESPELHO – Conforme Ramachandran, “Os neurônios-espelho praticam uma simulação virtual da realidade, pois nosso cérebro adota a perspectiva de outra pessoa e pode, inclusive, aprender apenas por observação”. Aprender a conviver proporciona a construção de laços afetivos, fortalece a EMPATIA, pois nos ensina a ter respeito pelo outro;
  • Aprender a SER - Uma das últimas áreas a atingir a MATURAÇÃO CEREBRAL é a região frontal, local este responsável pela nossa capacidade de autorregulação. Controle de nossa conduta. Investir no SER é um processo contínuo e, conforme Delors, envolve todos os demais pilares mencionados. Da mesma forma Gardner (apud Cosenza) enfatiza que “Os educadores têm por função ajudar o aprendiz a atingir o estágio de mestre”; dessa forma só nos tornamos mestres quando temos autorregulação, ou seja, conseguimos traçar metas, e vamos em busca das mesmas, evidenciando iniciativa, criatividade, perseverança, tolerância e MATURIDADE.
pilares da educação escola
O segredo para um modelo educacional bem sucedido.
Se a escola é o cenário da educação, se faz necessário que políticas educacionais priorizem a formação continuada dos educadores. Que possibilitem maior entendimento do funcionamento do sistema nervoso, pois a inspiração da Educação do Século XXI, pautada no Paradigma do Desenvolvimento Humano, só será eficaz se realmente o educador entender cada vez mais sobre esse desenvolvimento humano. Não há como cultivarmos árvores sem entender de sementes…
Referências Bibliográficas: 
Cosenza, Ramon. As neurociências e a Educação no século XXI. Fórum de Educação 2012.
DELORS, Jacques. Educação, um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre educação para o século XXI. Brasília, MEC, UNESCO e Cortez, 1998.
Instituto Ayrton Senna. Competências Socioemocionais. Disponível em http://educacaosec21.org.br/